sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Porreiro, Pá!

Temos Tratado de Lisboa!
Ter um tratado europeu com o nome de Lisboa era um sonho acalentado pelo governo português. Esse objectivo foi alcançado na Cimeira de 19 de Outubro, quando se chegou a acordo sobre o novo tratado. A assinatura ficou agendada para 13 de Dezembro de 2007, em Lisboa.
Nesse dia, o primeiro-ministro, visivelmente satisfeito, cumprimentou o presidente da União Europeia, Durão Barroso, e apertando-lhe a mão, disse-lhe:
-Porreiro, pá! Expressão que vai ficar para a História!

O Mosteiro dos Jerónimos, expoente máximo do estilo manuelino, o gótico português, foi o local escolhido para a assinatura do Tratado de Lisboa, oficialmente designado Tratado Reformador da União Europeia
No mesmo local, em 1985, Portugal assinou o tratado de Adesão à CEE - Comunidade Económica Europeia, nome pelo qual era conhecida a organização, desde a sua fundação em 1957. A mudança de nome ocorreu em 1992, com o Tratado de Mastricht, passando a partir de então a chamar-se União Europeia.


A assinatura do Tratado de Lisboa era a prioridade das prioridades da presidência portuguesa da União Europeia, iniciada em Julho e em vigor até 31 de Dezembro, data a partir da qual, durante seis meses, a presidência vai ser ocupada pela Eslovénia.

À cerimónia de assinatura do tratado no Mosteiro dos Jerónimos só faltou o primeiro-ministro inglês. Especulou-se sobre o seu atraso, apontado-se diversas razões.
Tenho uma interpretação pessoal. Partindo do princípio que o primeiro-ministro inglês se terá comportado como uma prima dona despeitada, o seu atraso deve-se a uma zanga com José Socrates por este não ter impedido a presença de Robert Mugabe, presidente do Zimbabué, na cimeira da União Europeia com África, realizada em Lisboa alguns dias antes.

O Presidente da República quis associar-se ao festejo da assinatura do Tratado de Lisboa convidando para almoço, no Museu dos Coches, as delegações dos 27 Estados membros da União Europeia.

Segundo os meios de comunicação social, a ementa era tipicamente portuguesa.




Da sobremesa faziam parte os famosos pasteis de Belém, regados com vinho do Porto, da safra de 1957, ano em que foi assinado o Tratado de Roma.

Caminhando para a recta final da presidência portuguesa da União Europeia pode dizer-se que as prioridades foram cumpridas.
Para além do Tratado de Lisboa foi realizada a Segunda Cimeira da União Europeia com o continente africano e a primeira cimeira da União Europeia com o Brasil, cimeiras com a Rússia, Índia e China, assumindo Portugal o papel de ponte entre a Europa e outros continentes.

Coroada de êxito a Presidência Portuguesa da União Europeia, cabe agora saber se o governo vai cumprir a promessa eleitoral de referendar o tratado ou se vai cumprir o acordo estabelecido entres os 27 Estados membros da UE para que o Tratado Reformador seja ratificado pelos parlamentos nacionais durante o ano de 2008 para entrar em vigor em Janeiro de 2009.

Se não cumpre a promessa eleitoral de referendar o tratado, a oposição, em coro, vai chamá-lo de mentiroso. Se realiza o referendo o Tio Sarkozy e a Tia Angela Merkel, os verdadeiros artífeces do tratado, entre outros mimos, vão chamá-lo de traidor.

Cá por mim só participo e voto sim no referendo se for vinculativo, caso contrário abstenho-me. Mas o governo vai safar-se bem, não vai realizar o referendo e ganhar as eleições em 2009.

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