sexta-feira, 25 de abril de 2008

Grândola, Vila Morena

Cravos de Abril na ESSJE

Há dias recebi de uma colega um e-mail corrosivo, intitulado “humor alentejano”. Seria mais um daqueles e-mails contra a ministra Maria de Lurdes Rodrigues ou contra o primeiro-ministro José Sócrates, que os professores recebem de colegas e reencaminham para outros, se não estivesse acompanhado da música Grândola, Vila Morena”, cantada pela diva do fado, Amália Rodrigues.
A entoação das palavras da Grândola, “O povo é quem mais ordena, dentro de ti ó cidade”, na voz da Amália, transmite um arrepiante dramatismo, levando-me a reflectir sobre o que foi a pujança da escola democrática, a seguir à manhã libertadora do 25 de Abril de 1974, e a realidade cinzenta que começa a imperar na “escola autonómica”, governamentalizada por quem transitoriamente exercer o poder.
Apoiada nas elites, está em marcha uma contra-revolução no sector do ensino que terminará quando o processo da “autonomia das escolas” estiver concluído. Nessa altura ficará restabelecido o elo da hierarquização vertical do poder, perdido com o 25 de Abril de 1974. Quanto aos professores, em vez de formarem um corpo unido, vão ficar divididos em três castas: animadores (dão aulas), titulares (executam tarefas burocráticas) e avaliadores (Fiscalizam e apreciam os demais).
Na Escola Secundária de São João do Estoril a chama da liberdade é forte, apesar dos sinais preocupantes do tempo que se avizinha – receio de falar em voz alta por causa de bufos, censura, cerceamento da liberdade e sentimento de que a “escola de todos, para todos” toma contornos de miragem.

ENCONTRO NO FEMININO
No dia 23 de Abril as professoras de Português, Manuela Portal e Albertina Dias, organizaram um Encontro no Feminino, como forma de comemorar o Dia da Mulher, ocorrido em 8 de Março, e o Dia da Liberdade, em 25 de Abril.
Para o efeito convidaram as doutoras Natália Nunes e Isabel do Carmo. A primeira, por motivo de doença, não esteve presente.
A Dra. Isabel do Carmo, a exercer a profissão de médica, foi, na sua juventude, membro activo das Brigadas Revolucionárias, um grupo de extrema-esquerda, defensor da implantação de uma sociedade socialista pela força das armas, chegando a ser julgada em tribunal pelo regime democrático. Na palestra que proferiu, bem recebida pelos alunos, entre os assuntos que abordou, destacou a condição das mulheres operárias e a Declaração dos Direitos da Mulher.
Na biblioteca da escola, onde a professora Lurdes Silva organiza exposições temporárias, foi montada uma exposição, muito bonita e bem documentada, alusiva à data do 25 de Abril. A jarra de cravos vermelhos, viçosos, iguais aos que as vendedoras de flores de Lisboa, colocaram nos canos das metralhadoras para saudar os militares do Movimento das Forças Armadas, sensibiliza a comunidade escolar para a necessidade de lutar por uma sociedade justa, fraterna e livre.

Canção composta e cantada por José Afonso

I
Grândola , vila Morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila Morena
II
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da Fraternidade

Terra da Fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
III
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade.

Grândola a tua vontade.
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade




















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