sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Despedida



Os meus colegas de Economia quando souberam que me ia reformar quiseram estar comigo numa última aula. Apesar de pretender ir-me embora sem alarido, desiludido com a política educativa desta ministra, acedi à iniciativa. Recusar, seria uma atitude que eles não iriam compreender. Obrigado Luciano, Germano, Lurdes, Graça, Manuela, Cordovil e Janeca.



Nessa “última aula” era para fazer uso das novas tecnologias e falar da minha experiência pedagógica no Liceu de São João do Estoril, centrada na Dimensão Europeia na Educação e na minha ligação a Trás-os-Montes, mas, à boa maneira portuguesa, o cabo de ligação à Internet estava partido!


Durante a sessão também usaram da palavra a minha coordenadora, colega e amiga, Maria de Lurdes Valbom e a presidente da Comissão Executiva, Dra. Ana Ribeiro.

Fiquei feliz por ver na assistência alguns alunos do ensino nocturno e três dos alunos – O Tomás, a Carolina e o Francisco – que foram comigo a Estrasburgo receber o prémio pelo trabalho «L’Europe à Coeur, de l’Atlantique à la Mer Noire”.




Recordada por mim, também esteve presente a saudosa colega Alzira Dias, anterior coordenadora do sétimo grupo.


"A Europa está feita, falta fazer os europeus"


Fraga Bolideira - Chaves

"Regresso às fragas de onde me roubaram" - Miguel Torga

sábado, 7 de junho de 2008

Boa Sorte Portugal

Bonne chance - Good luck
Beau Rivage - Neuchatel
Alunos do Estoril com a selecção de futebol

Um grupo de alunos do 12º ano, turmas 10 e 11, aapresentou, dia 4 de Junho, o resultado de um inquérito por questionário.


Com a realização do inquérito, realizado entre 28 e 30 de Maio, pretendia-se, junto de uma amostra de 100 alunos dos cursos diurnos, conhecer a imagem que os alunos da Escola Secundária de São João do Estoril têm da selecção nacional de futebol e pôr em prática uma das técnicas de investigação sociológica estudadas na disciplina de Sociologia.
As variáveis retidas foram o sexo, a área de estudos frequentada e a preferência por um um clube de futebol.



Maioria dos alunos é benfiquista
Embora na Área de Humanidades e de Ciências Económicas, o Sporting seja o clube com mais adeptos, no conjunto é o Benfica, com 43%, que recebe mais apoio entre os inquiridos, seguido de perto pelo Sporting, com 38%.


O Porto, curiosamente, só tem 6% de adeptos na escola, menos que os alunos sem preferência por nenhum clube. Não se registam discrepâncias entre alunos dos sexos feminino e masculino no apoio a clubes.

Mais Forte
Comparando esta selecção com a que participou no Euro2004, os alunos parecem divididos. 33% deles acha que esta selecção está melhor que a anterior; para 15% está pior; 12% é de opinião que está igual e 28% não sabem.


Quando se compara, por sexos, as duas selecções, verifica-se uma grande discrepância. Quase metade dos rapazes, 46%, contra 21% das raparigas, acha que esta selecção é melhor que a anterior. Inversamente, 38% das raparigas, contra 15% dos rapazes, não sabe qual das duas selecções é melhor. Os sportinguistas, 42%, são os que mais acreditam na superioridade desta selecção, contra 34% dos benfiquistas.
Scolari aprovado
A esmagadora maioria dos alunos, 93%, dá nota positiva a Scolari. Três em cada quatro alunos dão-lhe bom e muito bom! As raparigas são as mais satisfeitas, nenhuma dá nota negativa ao seleccionador. Scolari, com ligeiras alterações, recebe apoio generalizado dos adeptos de todos os clubes, incluindo de quem não apoia nenhum.
Expectativa elevada
A esmagadora maioria dos alunos, 94%, está confiante que Portugal ultrapassa a fase dos grupos.


A expectativa é tão elevada que mais de metade, 58%, acredita que a selecção nacional vai estar presente na final e um em cada quatro alunos acredita mesmo que Portugal será campeão europeu.
Todavia, a confiança de que Portugal chegue à final é maior entre benfiquistas, 65%, e entre as raparigas, 63%.

Quase dois terços dos alunos, 62%, vai apoiar a selecção, contra 8% que dizem não o fazer. É possível que a pergunta não tenha sido bem formulada, levando alguns destes alunos a pensar que o apoio teria de ser prestado na Suíça e na Áustria.


Os rapazes, 75%, e os benfiquistas, 72%, são as categorias que mais apoio vão dar à selecção das quinas, traduzido no acompanhamento dos jogos pela TV, tanto em casa como fora, em bares, com amigos.
Torcer, beber, vibrar, gritar Portugal, rezar sentadinho no sofá, festejar os golos, são comportamentos que vão traduzir sentimentos de apoio à selecção.



Os mais entusiasmados vão pintar a cara, vestir-se com as cores da selecção, usar cachecóis, por a bandeira na janela do quarto e ‘festejar cada vitória na marginal’. 2% dos adeptos - do Sporting - vão à Áustria e à Suíça ver a selecção.











Inquérito feito e apresentado por Mariana, Joana e Alexandre


Conclusão

Alunos do Estoril
Selecção de futebol comandada por Scolari


Avaliação

9ºA - Cidadania e Mundo Actual












11º A - Curso Nocturno - Economia

12º T10 - Sociologia












Devido a problemas técnicos, faltam gráficos.



sexta-feira, 23 de maio de 2008

Homenagem a Miguel Torga


Encerramento das actividades comemorativas do Nascimento de Miguel Torga (1907 – 2007)

Urzes ( a raíz chama-se torga) trazidas de Trás-os-Montes. As colegas de Português esmeraram-se na homenagem. Em 2007 já tinham levado os alunos da ESSJE a São Martinho de Anta, terra do escritor. Palestra e sarau, desta feita.
Prospecção, de Miguel Torga
Não são pepitas de oiro que procuro.
Oiro dentro de mim, terra singela!Busco apenas aquela
Universal riqueza
Do homem que revolve a solidão:
O tesoiro sagrado
De nenhuma certeza,
Soterrado
Por mil certez
Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos
E sede antes da fonte.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto.



Palestra
21 de Maio de 2008-05-23

Convidado
Padre Avelino Silva
Companheiro de caça de Miguel Torga

Alunos do 10º e 11º anos
Trabalhos realizados pelos alunos






Organização
Professoras de Português
Albertina Mourato
Manuela Portal


Agradeço às duas colegas terem-me convidado para ler a introdução do texto de Miguel Torga "Um Reino Maravilhoso". Como transmontano, projecto o "regressso às fragas de onde me roubaram". Nessa altura, espero recebê-las em Trás-os-Montes, à boa maneira transmontana "Entre quem é!"
Miguel Torga
Um Reino Maravilhoso (Trás-os-Montes)




Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso. Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite. Ora, o que pretendo mostrar, meu e de todos os que queiram merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que se possam imaginar. Começa logo porque fica no cimo de Portugal, como os ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecidos. E quem namora ninhos cá de baixo, se realmente é rapaz e não tem medo das alturas, depois de trepar e atingir a crista do sonho, contempla a própria bem-aventurança.
Vê-se primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus criador e dominador. Tudo parado e mudo. Apenas se move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto, a anunciar o começo duma grande hora. De repente, rasga a crosta do silêncio uma voz de franqueza desembainhada:
- Para cá do Marão, mandam os que cá estão!...
Sente-se um calafrio.
A vista alarga-se de ânsia e de assombro. Que penedo falou? Que terror respeitoso se apodera de nós?
Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico, porque o nume invisível ordena:
- Entre!
A gente entra, e já está no Reino Maravilhoso










Dois vultos da cultura transmontana, Miguel Torga e Graça de Morais, juntos na obra Um Reino Maravilhoso

domingo, 18 de maio de 2008

Visita ao Museu Militar de Lisboa

18 de Maio, dia Internacional dos Museus


Um grupo de professores e familiares, a convite da colega Regina Faria, da Secundária de São João do Estoril, fez uma visita ao Museu Militar de Lisboa. Recebi o convite, com satisfação, apesar de não ser professor de Geografia. E foi um privilégio o guia ter sido o próprio director, tenente-coronel Manuel Ribeiro de Faria, militar de craveira humanista
Porta oriental do Museu Militar. Esculturas de Teixeira Lopes (1900)



Às armas! Às armas! Pela Pátria lutar, contra os canhões marchar, marchar!


É o mais antigo de Lisboa. Fica ao lado da Estação de Santa Apolónia e perto do Panteão Nacional.
A denominação de Museu Militar porém, data de 1926. Antes, chamava-se Museu de Artilharia, oficialmente criado em 1851 por decreto da raínha D. Maria II, para por a salvo as peças que existiam no Arsenal Real do Exército.

Pátio dos Canhões Gigantescos canhões de bronze, sobrantes de construções de várias épocas do Império (é uma das maiores colecções do mundo do género).
Alabardas medievais e armaduras recolhidas em castelos de todo o país. Sabres doados por famílias de nobres militares. Kalashnikov AK 47, encontradas na mata e as célebres G3, de fabrico nacional. De tudo isto se pode ver no Museu Militar
Além das peças bélicas, fazem parte do Museu Militar, importantes colecções de pintura e escultura dos séculos XVIII, XIX e XX, assim como colecções de azulejaria.


A visita ao Museu Militar começou num edifício mais acima, perto do Panteão, onde os artistas faziam em gesso, os moldes das peças bélicas e esculturas destinadas à fundição, feita no Arsenal do Exército. No edifício estão guardados alguns moldes, sendo o mais famoso o da estátua equestre de D. José.



Originalmente designado Museu de Artilharia, este espaço reflecte a história militar das forças armadas de Portugal, não faltando salas dedicadas às campanhas de África, para além de vários objectos serem anteriores à fundação do museu.

Carroças e coches
Usadas no transporte de peças de artilharia e esculturas, da fundição do Arsenal do Exército para o Convento de Mafra.
Prisão do Leão de Gaza, Gungunhana
Espaço dedicado a Mouzinho de Albuquerque, herói da campanha de pacificação de Moçambique, em 1895/1896. O quadro representa a prisão de Gungunhana, régulo ou rei do povo vátua cujo império se estendia por Moçambique, Zimbabué e África do Sul.
Chaimite, aldeia sagrada, foi onde os nativos foram derrotados. Ironia do destino, é a partir dessa subjugação ao poder colonial que se forjou a nação moçambicana, tal como hoje existe, integrada no espaço da lusofonia. Chaimite também foi o nome dado pelos portugueses ao carro de combate usado contra os movimentos nacionalistas africanos, nas Guerras do Ultramar, entre 1961 e 1975. E, nova ironia da História, foi no uso dessas chaimites que os Capitães de Abril libertaram os portugueses, de 48 anos de regime opressor, e Moçambique, do colonialismo português. Sobre Gungunhana ver o sítio Moçambique para todos.


Sala da Grande Guerra, cujo as paredes são quase totalmente cobertas com grandes telas do pintor Sousa Lopes, evocando a participação das nossas tropas em França.
Azulejos do século XVI, os mais antigos do museu.

Salas ricamente decoradas nos tectos e nas paredes


Sala Vasco da Gama onde se expõem algumas das peças de Artilharia mais antigas, Séculos XV e XVI. As paredes desta sala são decoradas com telas de Carlos Reis alusivas à descoberta do caminho marítimo para a Índia e à ligação deste feito com os Lusíadas.
Sala dos Restauradores
Duques de Bragança: futuro rei D. João IV de Portugal
Armadura de D. Sebastião quando tinha 10 anos e retrato do Rei D. Carlos I
A Sala D. Maria II é majestosa e a decoração, exuberante







Nunca imaginara ir ao encontro de um museu tão importante como o Museu Militar. Saí de lá consciente de que a riqueza do espólio é imprescindível para estudar a História de Portugal e a pintura portuguesa dos séculos XVIII e XIX.

O Museu Militar de Lisboa é património cultural de valor incalculável para Portugal. Só o espólio relacionado com as Campanhas de África, nos séculos XIX e XX constitui uma sólida ponte de união entre as culturas portuguesa e africanas, que a memória colectiva nacional tem de acarinhar, visitando-o mais.

No final da visita ao museu o grupo foi almoçar ao Restaurante Maçã Verde, na rua ao lado da Estação de Santa Apolónia. A escolha, sugerida pelo director do museu, não poderia ter sido melhor.