quarta-feira, 30 de abril de 2008

Quo Vadis Associações de Estudantes



O texto apresentado é da autoria de João Rocha, aluno da turma de Sociologia do 12º ano, T10/11, membro da JS – Juventude Socialista de Cascais. No campo desportivo é membro do Clube Desportivo Estoril Praia, tendo um blogue não oficial do clube.




No momento em que o Presidente da República, no Dia da Liberdade, faz referência ao baixo nível de conhecimentos dos jovens portugueses, o texto deste aluno mostra que felizmente há jovens interessados pela res publica e pelo associativismo estudantil.


A turma de Sociologia do 12º ano T10/11, neste aspecto, é singular. Nela há alguns jovens interventivos. O João Costa, membro da JSD de Cascais e da Associação de Estudantes da ESSJE, é outro exemplo de jovem empenhado na actividade política. A sua posição relativamente à eventual adesão da Turquia à União Europeia já foi publicada no blogue. Ver aqui
TEXTO do João Rocha - Quo Vadis AE
Actualmente os jovens portugueses, na sua generalidade, vivem num total clima de estagnação e desinteresse em relação ao estado da política portuguesa e do seu país. É portanto necessária, a meu ver, uma profunda reflexão acerca do total desinteresse manifestado pelos jovens pelo mundo da política.

Após o 25 de Abril, quando foram formadas as primeiras juventudes partidárias, o interesse era manifestamente grande, os jovens e a população em geral viviam e sentiam as movimentações políticas existentes à época. Nas Associações de Estudantes, das Escolas Secundárias e do Ensino Superior, havia grandes guerras pelo poder, mas simultaneamente um grande interesse pelas actividades políticas desenvolvidas. As Associações de Estudantes serviam de “ponte” para as Juventudes Partidárias ou para os Partidos, e o contrário também se sucedia, pois as Juventudes Partidárias tinham todo o interesse em dominar as Associações de Estudantes, que no Pós 25 de Abril adquiriram uma grande importância no movimento académico.



No Parlamento Europeu, em Bruxelas, em Novembr de 2007
Hoje em dia, as estruturas Nacionais das Juventudes Partidárias, estão completamente paradas, e salvo raras excepções as estruturas locais das respectivas Juventudes Partidárias, estão completamente “mortas”, sendo que na maioria dos casos a existência das estruturas locais das Juventudes Partidárias, é justificada à luz de os responsáveis das estruturas locais das Juventudes Partidárias, quererem garantir a sua presença e influência nos Partidos políticos. Para os jovens que assinam a ficha de adesão a uma Juventude Partidária, e se envolvem seriamente nessa Juventude, as Associações de Estudantes não são de modo algum apelativas, pois actualmente o intuito das Associações de Estudantes e dos Estudantes, na sua generalidade (primordialmente ao nível do Ensino Secundário, pois ao nível do Ensino Superior, as Associações de Estudantes, agem de um modo diferente) passa por organizar festas, quando as férias escolares se aproximam, ao invés, de por exemplo terem um debate político/ideológico de uma forma regular.



No Parlamento Europeu, em Bruxelas, Novembro de 2007
As eleições para as Associações de Estudantes do Ensino Secundário, em Portugal, são completamente monótonas, sendo que na maioria dos casos só existe uma lista concorrente e quando existe, pois eu tive conhecimento de um caso muito recente, de uma escola do Concelho de Cascais (não vou referir o nome, por questões de confidencialidade) em que foram os próprios professores que “obrigaram” os alunos a fazer uma lista para a Associação de Estudantes. Nessa mesma escola, hà 10 anos, em altura de eleições para a Associação de Estudantes, concorreram quatro listas, patrocinadas por quatro Juventudes Partidárias. Este exemplo é elucidativo, do que se vive hoje nas Escolas Portuguesas.


Penso que é necessário um profundo debate acerca do papel e do poder das Associações de Estudantes em Portugal.



sexta-feira, 25 de abril de 2008

Grândola, Vila Morena

Cravos de Abril na ESSJE

Há dias recebi de uma colega um e-mail corrosivo, intitulado “humor alentejano”. Seria mais um daqueles e-mails contra a ministra Maria de Lurdes Rodrigues ou contra o primeiro-ministro José Sócrates, que os professores recebem de colegas e reencaminham para outros, se não estivesse acompanhado da música Grândola, Vila Morena”, cantada pela diva do fado, Amália Rodrigues.
A entoação das palavras da Grândola, “O povo é quem mais ordena, dentro de ti ó cidade”, na voz da Amália, transmite um arrepiante dramatismo, levando-me a reflectir sobre o que foi a pujança da escola democrática, a seguir à manhã libertadora do 25 de Abril de 1974, e a realidade cinzenta que começa a imperar na “escola autonómica”, governamentalizada por quem transitoriamente exercer o poder.
Apoiada nas elites, está em marcha uma contra-revolução no sector do ensino que terminará quando o processo da “autonomia das escolas” estiver concluído. Nessa altura ficará restabelecido o elo da hierarquização vertical do poder, perdido com o 25 de Abril de 1974. Quanto aos professores, em vez de formarem um corpo unido, vão ficar divididos em três castas: animadores (dão aulas), titulares (executam tarefas burocráticas) e avaliadores (Fiscalizam e apreciam os demais).
Na Escola Secundária de São João do Estoril a chama da liberdade é forte, apesar dos sinais preocupantes do tempo que se avizinha – receio de falar em voz alta por causa de bufos, censura, cerceamento da liberdade e sentimento de que a “escola de todos, para todos” toma contornos de miragem.

ENCONTRO NO FEMININO
No dia 23 de Abril as professoras de Português, Manuela Portal e Albertina Dias, organizaram um Encontro no Feminino, como forma de comemorar o Dia da Mulher, ocorrido em 8 de Março, e o Dia da Liberdade, em 25 de Abril.
Para o efeito convidaram as doutoras Natália Nunes e Isabel do Carmo. A primeira, por motivo de doença, não esteve presente.
A Dra. Isabel do Carmo, a exercer a profissão de médica, foi, na sua juventude, membro activo das Brigadas Revolucionárias, um grupo de extrema-esquerda, defensor da implantação de uma sociedade socialista pela força das armas, chegando a ser julgada em tribunal pelo regime democrático. Na palestra que proferiu, bem recebida pelos alunos, entre os assuntos que abordou, destacou a condição das mulheres operárias e a Declaração dos Direitos da Mulher.
Na biblioteca da escola, onde a professora Lurdes Silva organiza exposições temporárias, foi montada uma exposição, muito bonita e bem documentada, alusiva à data do 25 de Abril. A jarra de cravos vermelhos, viçosos, iguais aos que as vendedoras de flores de Lisboa, colocaram nos canos das metralhadoras para saudar os militares do Movimento das Forças Armadas, sensibiliza a comunidade escolar para a necessidade de lutar por uma sociedade justa, fraterna e livre.

Canção composta e cantada por José Afonso

I
Grândola , vila Morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila Morena
II
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da Fraternidade

Terra da Fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
III
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade.

Grândola a tua vontade.
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade