sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Orgulhoso de Ser Português

A Selecção de Futebol de Carlos Queiroz e a de Filipe Scolari






Na era de Scolari os portugueses tinham orgulho da sua selecção de futebol. Os resultados alcançados no Euro 2004, em Portugal; no Campeonato do Mundo de 2006, na Alemanha e no Euro de 2008, na Suiça, guindaram a selecção nacional ao TOP TEN do futebol mundial, feito jamais atingido por outros treinadores.

Ao ciclo áureo de Scolari sucedeu o tempo de Carlos Queiroz, mister fleugmático, educado num estilo very british, pouco dado à exteriorização das emoções. Carlos Queiroz é um treinador de futebol com a lição preparada ao pormenor. É o Professor que do alto da sua sapiência técnica transmite aos pupilos as tácticas aprendidas nos cursos mais prestigiados de futebol. Os jogadores assimiliam as últimas novidades sem ousar questionar os ensinamentos do Professor.







O treinador da selecção portuguesa de futebol é um homem afável. Educado, trata com urbanidade as pessoas com quem se relaciona. Na maneira de ser e de estar identifica-se com a cultura urbana. Uma das suas primeiras medidas foi acabar com a música pimba na selecção e com a invocação de santinhas, incluindo, certamente, a protecção de Nossa Senhora de Caravaggio nos jogos de mata-mata.

Como qualquer político modernaço, cuida da sua imagem, praticando jogging no Passeio Marítimo de Oeiras.

Scolari, qual condottiere, galvanizou a nação portuguesa e esta correspondia aos seus apelos, enfeitando de bandeiras verde-rubras as varandas e janelas de cidades, vilas e aldeias, de Norte a Sul de Portugal.

Scolari é um homem de fé, católico praticante, conservador. Nos jogadores incutiu a mística religiosa, criando à sua volta um grupo coeso. Descendente de imigrantes italianos, nasceu no Sul do Brasil, nos Pampas gaúchos, trazendo para o Portugal profundo o culto de Nossa Senhora de Caravaggio. Determinado, o Sargentão como também é conhecido, cometeu o pecado de não convocar um destacado dragão, acusado de afrontar o anterior treinador de futebol na Coreia, em 2002. Só, contra um batalhão de comentadores de tribuna, irados com a decisão de não convocar a sumidade, aguentou-se, inabalável, até ao fim, ao leme de selecção das cinco quinas.

O povo esteve sempre ao lado de Filipão, grande homem simples, arrebatador, sem papas na língua. Correram mundo os gestos contra Dragutinovic, no jogo com a Sérvia a contar para o Euro 2008. Também ficou célebre o seu comentário contra os treinadores de bancada "Portugal classifica-se e o burro sou eu!".
Melhor sorte com a comunicação social teve o sucessor. Apesar de a selecção ter caído a pique no rang da FIFA e de entre Mister Queiroz e o povo não haver empatia, a comunicação social tem sido extremamente simpática com ele. À falta de resultados que restaurem o orgulho de ser português, valoriza-se o passado do professor enquanto seleccionador da equipa de Sub 21.

A Escolinha do Professor
Carlos Queiroz e Scolari simbolizam as duas faces de Portugal, o cosmopolita e o tradicional. Virado para uma classe média urbana, formatada na ideia de que o que se faz lá fora é bom, fundou no concelho de Oeiras, no Parque Desportivo Carlos Queiroz, uma soccer school, com patrocínio do Manchester United. A escolinha de futebol, de acordo com cartazes estrategicamente colocados no Porto de Recreio de Oeiras, tem, escritos em inglês, programas "after school" e "Saturday class". Os preços praticados seleccionam os alunos, oriundos de famílias predispostas a pagar um preço elevado para terem os filhos na prestigiada escola. Não se sabe se terão talento para chegar à craveira de um Cristiano Ronaldo, formado, inicialmente, na escola da rua. Todavia, na óptica de obtenção de prestígio e status social elevado, o mais importante é a própria frequência da soccer school.

Filipão não tem nenhuma «soccer school" nem nenhum parque desportivo com o seu nome. É um homem humilde, identificado com uma bandeira. ´Fez Portugal chorar de alegria, isso não se esquece. Há dias veio do Uzbequistão para apoiar o professor, elogiar CR9 e incentivar as desmotivadas hostes portuguesas. Pertence à história do fenómeno desportivo em Portugal. Na esteira dos egrégios avós levanta de novo o esplendor de Portugal. É uma tremenda injustiça não ter sido ainda galardoado por quem detém o poder em Portugal.


E agora, professor?
Eu não acredito nesta selecção sem garra e sem alma mas desejo o apuramento do meu país para o Mundial de 2010. Dez anos depois de ter recorrido pela última vez à calculadora, Portugal volta a fazer contas para garantir a classificação para uma grande competição de futebol. Nas eliminatórias para o Mundial de 2010, na África do Sul, a seleção portuguesa precisa vencer os dois últimos jogos, contra Hungria e a Malta, ambos em casa, e esperar por um deslize da Suécia para garantir um lugar na repescagem.






Esperança Renasce
Hoje a Suécia perdeu por 2 - 0 contra a Dinamarca e no Estádio da Luz fez-se luz, Portugal, ganhou por 3 - 0 à Hungria. A selecção nacional já não depende de terceiros para estar presente em 2010 na África do Sul!










3 comentários:

Helena Teixeira disse...

E vamos lá ver hoje como eles se safam...Também queria ver a nossa Selecção no Mundial.Ter Esperança tem de ser,mas que custa,custa...ver esta equipe tão pouco animada,o orgulho pela camisola e pela pátria nao transparece...enfim,quero o Rui Costa,o Fernando Couto,o Figo,até podem trazer o Eusébio :) Nesses tempos ganhavam pouco e lutavam muito.Hoje é o contrário...Comigo ficavam sem salário até jogarem como deve ser,podiam nao ganharem,mas haveria garra para tal.
Aproveito e deixo um convite: participe na Blogagem de Dezembro do blogue www.aldeiadaminhavida.blogspot.com
Basta enviar um texto máximo 25 linhas e 1 foto para aminhaldeia@sapo.pt até dia 8 de Dezembro. Participe. Haverá prémios e boa convivência!

Jocas gordas
Lena

Helena Teixeira disse...

Esqueci-me de referir que o tema da blogagem de Dezembro é: O Natal na minha Terra.

Jocas gordas
Lena

Dylan disse...

As palavras do seleccionador brasileiro de futebol, Dunga, chamando à sua congénere portuguesa de "Brasil B", irritou os mais pudicos, até aqueles que, ironicamente, regaram com champanhe os desaires de Portugal contra a Grécia no Euro 2004 - os que Scolari mandou bugiar. Mas porventura Dunga disse alguma mentira? Não foi a Federação Portuguesa de Futebol que transformou a Selecção num protectorado brasileiro que mal sabe cantar o hino nacional, ou estará mais preocupada em agradar aos patrocinadores que lhe enchem os cofres de milhões em detrimento da identidade desportiva do seu próprio país? O estatuto de utilidade pública desportiva que goza deveria ser suficiente para se pôr a jeito de não ouvir estes sarcasmos, limpando a imagem do futebol nacional, afectada por "apitos", deixando de lado a subserviência a certos clubes e a reverência a certos homens do futebol de índole duvidosa.

http://dylans.blogs.sapo.pt/