terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Breendonk, Campo de Concentração

Impressões de Marta Rêgo
HALT! Quem ultrapassar este limite será fuzilado!
Sempre pensei que um espaço podia ser feliz, triste, melancólico, activo, irritante, conforme o nosso estado de espírito. Sempre pensei que os espaços não tinham vida, que éramos nós, seres humanos, que lha dávamos, despertando-nos sensações ao conhecê-los.
Dia 27 de Novembro, ao visitar o campo de concentração de Breendonk, descobri que estava errada. Minutos antes de entrar sentia-me alegre, bem disposta, contente com a vida, com a viagem, com a humanidade.
Confesso que achei que a visita ao campo de concentração me seria completamente indiferente. Ia passar-me ao lado, como tantas outras coisas desinteressantes que nos acontecem. Mais uma vez, estava errada.
Mal entrámos e nos pediram silêncio, jorraram emoções fortes do chão, do tecto, das paredes, daquele lugar que passou de desconhecido a familiarmente assustador. Nunca tinha aberto tanto os olhos e feito um esforço tão grande para não fugir imediatamente.
Fomos andando e o desconforto aumentava cada vez mais. A crueldade e o terror eram visíveis. O espaço minúsculo a que os reclusos estavam confinados, o ar pesado, o ambiente mórbido e a pouca luz, juntamente com as descrições do horror que ali tinha sido vivido foram avassaladoras. Custava-me pensar que, até àquele dia, nunca tinha tido uma noção tão perfeita da realidade nazi.
Professores, alunos, e outros visitantes respeitavam o local, parecendo lidar bem com o facto de estarem num lugar onde jovens, velhos, inocentes foram torturados e mortos.
Eu queria mesmo fugir e de preferência, nunca mais lá voltar. A sala da tortura não foi tão assustadora quanto a descrição do que se tinha ali passado. A minha revolta e compaixão pelos que sofreram sem ter culpa, aumentava. Estava a ficar demasiado emocionada.
As palavras e descrições ecoavam no meu cérebro como um grito de socorro de alguém que chama directamente por nós.
Como se pode perceber, aquela visita perturbou-me. Não se me apagava da memória, tornou-me mais consciente. Talvez se pense que exagero. Para alguns, não terá passado de uma visita a um lugar histórico.
Para mim foi uma mistura de sensações estranhas que não vou esquecer…
... a paz é a coisa mais importante que um ser humano pode pedir.

Marta Rêgo
02/12/07

5 comentários:

Anónimo disse...

muito bem Marta :)

Anónimo disse...

Simplesmente perfeito ! =)
Beijinhoo *

FC disse...

Gostei muito mesmo do texto da autora,Marta Rego.Muito bom e da para ter uma grande nocao do que se viveu ali naqueles tempos,pelo que tu dizes..gostei muito!!Descreves bem os locais e a forma como viveste os minutos em que por ali passaste.
Estao todos de parabens pela viagem,e decerteza que foi inesquecivel para voces pois as viagens marcam-nos sejam pela positiva ou negativa,na maioria sem duvida pela positiva pois as viagens proporcionam nos grandes momentos aos quais nao estamos habituados no nosso dia a dia.
Espero que poste mais fotografias da sua viagem professor e que nos conte mais peripecias,principalmente para quem ca ficou e gostaria de saber como é a vida por la,o que fizeram,etc..!!
Um grande abraco e mais uma vez parabens a Marta,

Francisco Catarino

Anónimo disse...

Nao acredito que houve holocausto Nazista.

PEREYRA disse...

Ok
«Não há pior cego que aquele que não quer ver»