segunda-feira, 1 de junho de 2009

A Força da Razão

Democracia e liberdade quão longe estais da escola


Durante décadas, em liberdade e sob a tutela de uma gestão democrática, dei asas à minha imaginação e à minha criatividade pedagógica. Gostava de ensinar e era feliz no exercício da minha profissão.
Hoje, com a enxurrada de leis que inundam a Escola Pública de burocracia, numa lógica de gestão empresarial, e a criação de uma estrutura fortemente hierarquizada, no vértice da qual ficará o "reitor" tecnocrata, da confiança da força política que estiver nas direcções regionais de educação, o meu campo de acção pedagógico estaria delimitado pelo querer de terceiros.
A sensação de que a liberdade e a democracia estão cada vez mais arredadas da escola, partilhada por muitos professores, causa-me tristeza, sobretudo quando olho para trás e recordo com saudade a escola democrática, de todos e para todos.
O clima nas escolas degradou-se. Estão todos contra todos. Instalou-se uma sanha persecutória, inquisitorial. Professores são amordaçados, obrigados a desfilar numa marcha de Carnaval. Outro é demitido por contar, em privado, uma anedota sobre o primeiro-ministro. Os casos de atentado à dignidade profissional multiplicam-se.
A Força da Razão
O professor doutor Vital Moreira durante a campanha eleitoral para a eleição de deputados ao Parlamento Europeu, afirmou, em Bragança, que "estamos a assistir a uma revolução na educação". Embora discorde da natureza dessa revolução, concordo com ele na existência de uma revolução visto que no curto espaço desta legislatura a estrutura e funcionamento da escola pública passou por profundas transformações que a estão a degradar.
O concurso para professores titulares foi o grande embuste que deu cobertura legal a profundas injustiças. A avaliação é uma farsa que esconde objectivos economicistas à custa da perda de poder de compra dos professores.

Este ano "todos sentem que o ano foi em grande parte perdido. Pior: todos sabem que a escola está, hoje, pior do que há um ano".
António Barreto, in Público 24-05-2009

Os professores sentem-se humilhados por uma equipa ministerial, prepotente e arrogante, que os trata como "professorzecos" e por uma ministra da educação autoritária e autista que os responsabiliza pelo abandono escolar dos alunos; que faz reformas sem ouvi-los, preferindo voltar a opinão pública contra a classe docente.

Este confronto, marcado por medidas que visam domesticar a autonomia dos professores e que os desvalorizm socialmente, vai ficar como uma das páginas mais negras da história da educação em Portugal.

"A situaçção criada é a de um desastre ecológico. Serão precisos anos ou décadas para reparar os estragos. só uma nova geração poderá sentir-se em paz consigo, com os outros e com as escolas".
António Barreto, in Público 24-04-2009

Pobre Portugal, ditosa Pátria minha amada!














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